Pasárgada e Alcalóides
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domingo, 31 de janeiro de 2010
IPAD - Lançado
Em uma jogada mais do que esperta, em meio a luta dos jornais pela sobrevivência, o New York Times já estreia a recém-anunciada iPad da Apple com um aplicativo especialmente criado para o gadget. Aliás, é praticamente um reader nativo do NYTimes, mas produzido pela Apple.
O aplicativo simula um formato bem parecido com o jornal de papel, com as funcionalidades presentes até então no iPhone, como marcar artigos para ler depois, etc. Na iPad, é possível escolher a quantidade de colunas, tamanho do texto e navegar como se estivesse virando páginas.
A parceria com foi apresentada durante o evento da Apple pela própria equipe no New York Times. E nesse momento, Steve Jobs continua demonstrando seu novo brinquedo. A iPad começa custando US$ 499.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
Um som que é de Goiânia - BLACK DRAWING CHALKS
SEM COMENTÁRIOS, ESCUTE...
http://www.myspace.com/blackdrawingchalks
Dica de BLOG - MÚSICA PARAENSE
Dica de Filme - "APENAS O FIM"
- Apenas o Fim é o resultado de um projeto de alunos do curso de Cinema da PUC-Rio, contando com o apoio do Departamento de Comunicação Social da faculdade.
- Estréia de Matheus Souza como diretor de longa-metragens.
- É o 2º filme em que Erika Mader e Gregório Duvivier atuam juntos. O anterior foi Podecrer! (2007).
- O filme foi inteiramente gravado em HD.
- Exibido na mostra Première Brasil, no Festival do Rio 2008.
Dica de Filme - "GAROTO NOTA 10"
Uma comédia romântica que se passa na década de 80 sobre um jovem estudioso e seu esforço para alcançar seu sonho de infância dentro da Universidade, o famoso Desafio Universitário. Enquanto se prepara para o desafio, Brian Jackson (James McAvoy) se apaixona por uma linda colega de classe, a Alice Harbinson (Alice Eve). Ele vai usar toda sua inteligência, seu conhecimento e charme para conquistar a garota também dos seus sonhos. É uma doce história sobre paixão, conhecimentos gerais, lealdade e adivinhação.
Dica de Livro - "QUE ROCK É ESSE?"
"Que Rock É Esse?", aquele programa apresentado por Beto Lee no Multishow que conta a história dos 50 anos do rock brasileiro, virou um almanaque. Com textos de apresentação escritos por Edgard Piccoli, o livro traz análises e comentários de gente que sabe do assunto: Rita Lee, Nelson Motta, Lobão, Frejat, Samuel Rosa, Edgard Scandurra, Dinho Ouro Preto, Pitty, Evandro Mesquita, Gabriel o Pensador e outros.
* O volume vem dividido em cinco partes, sendo uma para cada década, entre os anos 1960 e os 2000. "Da Jovem Guarda a Pitty", como eles prometem. Também inclui aquelas listas que a gente adora do tipo “Os 10 discos de rock internacional mais vendidos”, “As 10 músicas brasileiras de rock que bombaram na década” e “Os 10 shows internacionais mais importantes no Brasil”.
Dica de Revista? É isso mesmo > VIDA SIMPLES
segunda-feira, 16 de março de 2009
Vicky Cristina Barcelona - Dica de Filme!
A Índia é Pop
O diretor britânico Danny Boyle mergulhou na música popular, na literatura, no cinema e no videoclipe da Índia moderna. A partir dessa pesquisa fez “Quem Quer Ser um Milionário?”, grande vencedor do Oscar
Por André Nigri
• Assista a videoclipes e game shows como os do filme e saiba mais sobre o universo pop indiano
A resposta certa é "E" e faz de Quem Quer Ser um Milionário? um filme raro. É comum que diretores de cinema, quando fazem filmes ambientados numa nação estrangeira, pesquisem sobre os usos e costumes do país para dar credibilidade à narrativa. O britânico Danny Boyle, no entanto, vai muito além disso. Mais do que pesquisar sobre a Índia, ele mergulhou na cultura pop do país — e usou o que aprendeu em seu filme, tocando as bordas do virtuosismo. Assim, Quem Quer Ser um Milionário? é ambientado no mundo dos game shows indianos, baseia-se num best-seller de um autor da nova geração, usa música pop local na trilha sonora, presta tributo à estética dos videoclipes e, como os videoclipes indianos, tem tudo a ver com o cinema popular do país, produzido em Bollywood, apelido do complexo de estúdios localizado na cidade de Mumbai. Num ano em que o Oscar privilegiou o cinema autoral, triunfou o mais radicalmente autoral dos filmes concorrentes, aquele que mais ousou na linguagem. Quem Quer Ser um Milionário? foi o grande vitorioso da maior premiação do cinema, com oito estatuetas, entre elas as duas mais cobiçadas: de melhor filme e melhor diretor.
Não foi exatamente uma surpresa, mas Quem Quer Ser um Milionário? não era o favorito num primeiro momento. O Curioso Caso de Benjamin Button, em que Brad Pitt interpreta um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo com o tempo, parecia ter mais chances e contabilizava mais indicações. O filme de Danny Boyle cultivava a fama de azarão pelo bombardeio recebido no país em que a história é ambientada. Críticos indianos acusaram Boyle de romantizar a miséria do país, ao mostrar de forma estilizada as terríveis condições de vida dos moradores das favelas de Mumbai. Você já ouviu isso antes — sim, aqui mesmo no Brasil, quando Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus, foi acusado pela crítica Ivana Bentes de promover a chamada "cosmética da fome". Num caso como no outro, essa primeira leitura se revelou apressada. Cidade de Deus e Quem Quer Ser um Milionário? não poderiam ser, no entanto, mais diferentes entre si. Apesar das cenas plasticamente impressionantes e das cores quentes, Cidade de Deus é um filme realista — realismo acentuado pelo fato de não ter atores profissionais, e sim pessoas que viviam em condições parecidas com as dos personagens. Quem Quer Ser um Milionário?, ao contrário, é um filme pop. No assunto, na linguagem, nas referências. Ele mostra como um país de tradição milenar forjou uma cultura pop riquíssima (antes de ler sobre isso nos parágrafos seguintes, tente responder às perguntas sobre cultura pop indiana espalhados pela reportagem).
1. QUIZ SHOWS
Nos Estados Unidos, esse modelo de entretenimento televisivo fez sucesso há décadas e teve seu auge nos anos 50. Numa sociedade que se vangloria da tradição meritocrática, os vencedores dos programas de perguntas e respostas, os chamados quiz shows, se tornavam ídolos populares — até que um deles, Charles Van Doren, fosse apanhado trapaceando, o que desmoralizou o formato (o episódio é retratado no filme Quiz Show, protagonizado por Ralph Fiennes e John Turturro). No Brasil, ele viveu seu auge há dez anos, com o Show do Milhão, apresentado por Sílvio Santos. No Ocidente de uma maneira geral, os quiz shows foram ultrapassados e superados pelos reality shows na linha do Big Brother. Num país pobre e dividido em castas como a Índia, no entanto, a possibilidade de mudar de vida da noite para o dia causa frisson até hoje. O principal programa do gênero leva o nome do seu apresentador, Kaun Banega Crorepati, popularmente conhecido como KBC.
No filme, o jovem Jamal Malik (interpretado pelo ator Dev Patel) se inscreve e consegue participar de uma competição chamada exatamente Quem Quer Ser um Milionário?. O Sílvio Santos híndi que faz as perguntas é Prem Kumar, interpretado por Anil Kapoor. No início, o protagonista, que trabalha servindo chá num call center — atividade econômica em alta na Índia contemporânea —, está na última fase do programa e tem duas escolhas: desistir, levando para casa a fortuna de 10 milhões de rúpias, ou continuar, arriscando-se a perder tudo, mas com a possibilidade de, acertando uma última pergunta, dobrar o prêmio. O apresentador Prem Kumar está irritado e custa a acreditar que Jamal não tenha trapaceado nas respostas — todas elas certas até aquela altura. Para ele, é inconcebível que um jovem órfão, nascido em uma favela de Mumbai, sem educação formal e servidor de chá em um serviço de televendas, possa ter chegado até ali.
2. LITERATURA POP
Quem Quer Ser um Milionário? é uma adaptação do romance Sua Resposta Vale um Bilhão, do escritor indiano Vikas Swarup, publicado no Brasil há três anos e agora reeditado. Swarup é um exemplo de escritor pop da Índia contemporânea, que não está ligado à tradição da literatura clássica do país. Ele está ao lado de autores como Vikram Seth, que publicou o romance The Golden Gate, que trata de um grupo de amigos em San Francisco e de temas polêmicos para a Índia tradicional, como o universo gay e bissexual. Ou, ainda, de Suzanna Arundhati Roy, que trabalhou em roteiros para seriados de televisão e publicou seu primeiro romance, O Deus das Pequenas Coisas, uma ficção que, baseada em sua infância na Índia, recebeu críticas elogiosas do The New York Times.
A adaptação do livro de Swarup, realizada por Simon Beaufoy (que levou também o Oscar de melhor roteiro adaptado), obedece à estrutura do romance, bastante engenhosa. Jamal, o protagonista, é acusado de trapacear. Mesmo tendo cultura formal precária, ele tem uma memória prodigiosa, que associa fatos da cultura pop a episódios de sua vida. Assim, a cada pergunta, Jamal rememora um fato ocorrido com ele — e graças a isso acaba chegando à resposta certa. Isso garante que a narrativa mantenha a tensão ao mesmo tempo em que se aprofunda na biografia do personagem. No livro, Jamal narra sua vida a uma advogada que o defenderá no processo. No filme, ele está em pleno interrogatório, às voltas com a polícia. Essa é a única diferença — a estrutura é a mesma.
3. A LINGUAGEM DO VIDEOCLIPE
A estrutura do romance também ajudou Danny Boyle a montar seu filme em ritmo de videoclipe. Esse gênero é tão popular na Índia de hoje quanto o chapatti, espécie de panqueca assada na chapa. O país vive atualmente um florescimento do pop, com artistas como M.I.A., Zubeen Garg e Daler Mehndi. Essa música, ou gênero, é híbrida, incorpora ritmos como reggae, rock, funk e batidas modernas com canções populares da Índia. O gênero é conhecido como Indian pop ou Hindi pop, e seus representantes mais idolatrados são Usha Uthup, Sharon Prabhakar e Peenaz Masani, cujos videoclipes, que têm em comum cenas de ação com muita dança e cores carregadas, são facilmente encontrados no YouTube.
4. O CINEMA DE BOLLYWOOD
A linguagem do videoclipe no filme de Boyle e a música pop da Índia não existiriam se não fosse Bollywood. O termo se refere à gigantesca indústria do cinema popular indiano, que chega a produzir mil filmes por ano, quase o dobro do que Hollywood. Foi na estética de Bollywood que Boyle bebeu para realizar seu filme — que é, antes de tudo, uma história de amor, como 999 em cada mil produções populares indianas. Jamal e seu irmão Salim (Madhur Mittal) eram fãs dos atores de Bollywood como qualquer criança, pobre ou rica, da Índia moderma. Em Quem Quer Ser um Milionário?, Jamal só decide participar do game show — mesmo sabendo que suas chances de vitória são remotíssimas — porque o amor de sua vida, desde a infância, Latika (intepretada pela atriz Freida Pinto), poderá ser libertada das mãos de um mafioso se ele tiver muito dinheiro. Não à toa, no melhor estilo de um filme do gênero, Boyle presta uma homenagem ao musical bollywoodiano. No final, Jamal e Latika dançam em uma estação de trem com centenas de bailarinos, à Bollywood — afinal, as histórias românticas do cinema indiano são sempre pontuadas por muita música e coreografias.
Sem a pretensão de filmar uma ficção documental sobre a situação social da Índia, como queriam alguns críticos, Danny Boyle leva às telas uma bela história de amor e superação, terna e bem-humorada. Hollywood e outras cinematografias do mundo inteiro já trataram muitas vezes do mesmo tema. O grande mérito de Danny Boyle é ter conseguido tecer um enredo em princípio pouco original usando uma linguagem envolvente e inovadora.
O FILME:
Quem Quer Ser um Milionário?, de Danny Boyle. Com Dev Patel, Anil Kapoor e Freida Pinto. Estreia prevista para este mês.
Crítica - Verdades e Mentiras
O escritor mineiro Sérgio Rodrigues mistura jornalismo e ficção para trazer à luz a história de Elza, garota executada pelo Partido Comunista Brasileiro nos anos 30
Por Jonas Lopes
Depois de se aventurar pelo futuro em As Sementes de Flowerville (2006), romance pontuado por referências a graphic novels, o escritor e jornalista mineiro Sérgio Rodrigues se volta para um episódio pouco lembrado e um tanto obscuro do passado em Elza, a Garota. Misturando jornalismo, ensaio e ficção, recupera a história do assassinato da adolescente Elza Fernandes, estrangulada a mando do Partido Comunista Brasileiro em 1936, meses após a malfadada tentativa do Partidão de tomar o poder no governo Getúlio Vargas — a Intentona Comunista.
Entre os detalhes do incidente que permanecem imprecisos, estão a idade de Elza, "nome de guerra" de Elvira Cupello Calônio. A certidão de nascimento dizia 21 anos, mas uma série de declarações e documentos, inclusive o laudo de legistas, aponta para 16. Também não se sabe a autoria da ordem de execução, mas há quem diga que ela partiu de Luís Carlos Prestes, que tinha sido um dos principais conspiradores ao lado de sua mulher, Olga Benário, a judia alemã que seria deportada, grávida, para a Alemanha nazista, onde morreu na câmara de gás. Acreditava-se que Elza — amante do secretário-geral do partido na época da Intentona, Antônio Maciel Bonfim, o Miranda — havia se tornado informante da polícia.
HISTÓRIA DIVIDIDA
No livro, cada capítulo tem duas partes. Na primeira, jornalística, Sérgio monta um quebra-cabeça composto de cartas, documentos e entrevistas com sobreviventes e estudiosos da esquerda nacional a respeito do que é mito e o que é verdade na trajetória de Elza. O texto saboroso, de todo modo, está mais para ensaio do que para reportagem: Rodrigues não teme arriscar interpretações, mais preocupado em tatear possibilidades do que em cravar fatos irrefutáveis.
A parte restante dos capítulos compreende o romance em si. Já nos dias atuais, Molina, jornalista decadente, aceita ser o ghost writer de um comunista de 94 anos, Xerxes. O velho era membro do Partidão durante a revolta de 1935 e se apaixonou por Elza na época. O cinismo de Xerxes, desencantado, embora fiel aos antigos ideais, impede que a história debande tanto para a propaganda de esquerda quanto para o contrário.
Graças ao ritmo de thriller, Elza é difícil de largar. Seu maior mérito, no entanto, é adentrar o território da ficção com base em eventos históricos, algo pouco usual na literatura brasileira contemporânea — com raras exceções, caso de Nove Noites, de Bernardo Carvalho. E, como provam os melhores autores estrangeiros, de Philip Roth a W. G. Sebald, mergulhar em traumas coletivos ainda é a maneira mais eficiente de exorcizá-los. A morte de Elza Fernandes é tão trágica e brutal quanto a de Olga Benário. Merece ser igualmente registrada.
Jonas Lopes é jornalista e autor do blog www.gymnopedies.blogspot.com.
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